Entenda o projeto:

Objetivo do Projeto

O objetivo do projeto O Segundo Sol é dar voz para o luto de quem passou pela perda gestacional ou neonatal. Queremos incluir aqui as perdas gestacionais em qualquer estágio da gravidez. O apoio é para mães e pais que passaram pela triste experiência de  não trazerem seu filho para casa.  Sabemos que é muito importante falar sobre nossos filhos que partiram. Honrar a existência deles no mundo através da sua história que embora curta é muito preciosa e importante. Falar sobre nossos filhos traz paz e aconchego e a certeza que ao contar uma história nosso filho permanece no mundo. 

Mas sabemos que não é fácil compartilhar e se sentir acolhido nesse momento. Muitas vezes sentimos nao ter espaço para falar com alguém próximo que não passou pelo mesmo que a gente. Por muitas vezes vemos familiares e amigos se afastarem por não saber o que dizer e assim seguimos um caminho solitário e muito doloroso. Então o Projeto O Segundo Sol é também de todos! Destinados ao acolhimento das mães e pais enlutados mas também informação e conhecimento para os familiares, fazendo assim uma ponte de empatia e sensibilidade: mesmo que de lado opostos pessoas podem sim nos ajudar e é preciso que isso seja dito. 

E quando achávamos que a luta por visibilidade fosse apenas falar, descobrimos mais, é preciso mexer na estrutura das maternidades, educar os profissionais de saúde para um melhor atendimento a essas mães que estão a passar pela experiência. Então o projeto conta com a ajuda de profissionais da saude, médicos-obstetras, doulas e terapeutas prontos para passar a informação adiante, prontos para fazer essa ponte entre nós e os profissionais que tem contato com este trauma. Que daqui pra frente esse tratamento no hospital seja mais respeitoso e inclusivo. Que possamos ter o direito da despedida, que possamos ser acolhidos nesse momento e não segregados, separados da atuação da equipe médica.

Portanto, o projeto é uma força tarefa, uma rede de apoio onde queremos incluir todos os envolvidos nessa experiência e que, assim, nós - pais - possamos nos sentir envolvidos em solidariedade e respeito. 

De onde surgiu?

O projeto surgiu da experiência da perda. Nós, Fabrício e Rafaella, engravidamos no início de 2014 e perdemos Miguel em 06 de novembro do mesmo ano. 

A gestação do Miguel foi um aprendizado em diversos aspectos. Desde o início, aprendemos muito. Todo o contato que estabelecemos com a questão do parto humanizado, com a realização plena de viver à espera do querido filho. E, já no final, entramos em contato com a hora mais escura da noite, a perda gestacional. Miguel nos deixou sem explicação algumas horas antes de vir ao mundo.

É verdade quando dizem que certas experiências nos transformam. Toda a dor vivida nesse processo mudou alguma coisa aqui, dentro de nós. Em nenhuma conjuntura podíamos nos considerar mais os mesmos. E essa sensação de que algo mudou foi evoluindo aos pouquinhos. Nós, enquanto vítimas dessa tragédia, tivemos muito apoio, fomos brilhantemente assistidos. Esses meses de terapia, apoio dos amigos e da família nos fez pensar. Pensar que existem mães e pais por aí que não tiveram esse acolhimento. Existem mães e pais por aí que não estão conseguindo enxergar uma luz no fim do túnel. E foi aí que decidimos fazer algo. 

A princípio, a ideia era produzir um documentário. Queríamos condensar em um material a nossa perspectiva sobre o processo. Mas um documentário leva algum tempo. E aí, meio sem perceber, O Segundo Sol foi se transformando em algo mais abrangente. Existe muito o que ser dito e existem muitos que precisam escutar. Assim, todas as percepções que vivenciamos com outros pais, profissionais e pessoas no geral durante esses primeiros seis meses de saudade, começaram a se aglutinar abaixo desse Segundo Sol. 

Este é um projeto independente. Feito com muita sensibilidade à dor alheia e muito respeito às histórias desses bebês que logo se foram.  Não existe uma receita de bolo para este processo, mas acreditamos em um ingrediente universal que gostamos de cultivar aqui: O amor.


Frentes de atuação